De Chaplin à FHC


Desde 1940, quando Chaplin proferiu “O Ultimo Discurso” em sua produção "The Great Dictator", não se ouvia, em minha opinião, palavras tão sabias em defesa da Democracia, com ensinamentos tão uteis ao conhecimento público e com tanta clareza como ouvimos do Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso em seu artigo publicado em abril de 2011 a respeito do papel da oposição em um país democrático. Tanta clareza fez com que o governo da situação utilizasse de sua forte influência na imprensa nacional para denegrir a imagem de FHC com dúbias interpretações de suas declarações, capaz de transformá-las em palavras preconceituosas aos ouvidos da nação, são interpretações de quem se sentiu diretamente atingido pelas palavras do ex-presidente que não falou nada mais do que a verdade.
Assim como Chaplin, FHC dirigiu-se à nação alertando-a contra o atual governo e como combater a “Máquina” do Estado como se referiu Chaplin ou os “Novos Dinossauros” como falou FHC, falaram em épocas distintas, mas há certas semelhanças na forma de dirigir-se aos ouvintes, o primeiro falou no período recente Pós Revolução Industrial e em plena 2ª Guerra Mundial e o segundo no período recente Pós Ditadura Militar e em um momento em que o Lulopetismo é predominante no país.
Quem ler o texto na integra fará uma interpretação bem diferente da que se tem divulgado. Separei trechos que considerei importantepara analizarmos aqui, como sugiro abaixo:
“Da mesma maneira, só para dar mais alguns exemplos, o PROER e o PROES, graças aos quais o sistema financeiro se tornou mais sólido (na gestão Tucana), foram solenemente ignorados, quando não estigmatizados (na gestão petista). Os efeitos positivos da quebra dos monopólios, o do petróleo mais que qualquer outro, levando a Petrobras a competir e a atuar como empresa global e não como repartição pública, não foram reivindicados como êxitos do PSDB.
O estupendo sucesso da VALE, da EMBRAER ou das teles e da Rede Ferroviária sucumbiu no murmúrio maledicente de “privatarias” que não existiram. A política de valorização do salário mínimo, que se iniciou no governo Itamar Franco e se firmou no do PSDB, virou glória do petismo.
As políticas compensatórias iniciadas no governo do PSDB – as bolsas – que o próprio Lula acusava de serem esmolas e quase naufragaram no natimorto Fome Zero – voltaram a brilhar na boca de Lula, pai dos pobres, diante do silêncio da oposição e deslumbramento do país e… do mundo!
Não escrevo isso como lamúria, nem com a vã pretensão de imaginar que é hora de reivindicar feitos do governo peessedebista. Inês é morta, o passado… passou. Nem seria justo dizer que não houve nas oposições quem mencionasse com coragem muito do que fizemos e criticasse o lulismo.
Uma sociedade democrática amadurecida estará sempre comprometida com a defesa dos direitos humanos, com a ecologia e com o combate à miséria e às doenças, no país e em toda a parte. E compreende que a ação isolada do Estado, sem a participação da sociedade, inclusive dos setores produtivos privados, é insuficiente para gerar o bem-estar da população e oferecer bases sólidas para um desenvolvimento econômico sustentado.
Ao invés de se aferrarem a esses valores e políticas que lhes eram próprios como ideologia e como prática, as oposições abriram espaço para que o ‘lulopetismo’ ocupasse a cena da modernização econômica e social. Só que eles têm os pés de barro: a cada instante proclamam que as privatizações “do PSDB” foram contra a economia do País, embora comecem a fazer descaradamente concessões de serviços públicos nas estradas e nos aeroportos, como se não estivessem fazendo na prática o mea-culpa.
Cabe às oposições não apenas desmascarar o cinismo, mas, sobretudo, cobrar o atraso do País: onde está a infraestrutura que ficou bloqueada em seus avanços pelo temor de apelar à participação da iniciativa privada nos portos, nos aeroportos, na geração de energia e assim por diante?
Quão caro já estamos pagando pela ineficiência de agências reguladoras entregues a sindicalistas “antiprivatizantes” ou a partidos clientelistas, como se tornou o PC do B, que além de vender benesses no ministério dos Esportes, embota a capacidade controladora da ANP, que deveria evitar que o monopólio voltasse por vias transversas e prejudicasse o futuro do País.
Dirão novamente os céticos que nada disso interessa diretamente ao povo. Ora, depende de como a oposição venda o peixe. Se tomarmos como alvo, por exemplo, o atraso nas obras necessárias para a realização da Copa e especializarmos três ou quatro parlamentares ou técnicos para martelar no dia-a-dia, nos discursos e na internet, o quanto não se avança nestas áreas por causa do burocratismo, do clientelismo, da corrupção ou simplesmente da viseira ideológica que impede a competição construtiva entre os setores privados e destes com os monopólios, e se mostrarmos à população como ela está sendo diretamente prejudicada pelo estilo petista de política, criticamos este estilo de governar, suscitamos o interesse popular e ao mesmo tempo oferecemos alternativas.
Na vida política tudo depende da capacidade de politizar o apelo e de dirigi-lo a quem possa ouvi-lo. Se gritarmos por todos os meios disponíveis que a dívida interna de R$ 1,69 trilhão (mostrando com exemplos ao que isto corresponde) é assustadora, que estamos pagando R$ 50 bilhões por ano para manter reservas elevadas em dólares, que pagamos a dívida (pequena) ao FMI sobre a qual incidiam juros moderados, trocando-a por dívidas em reais com juros enormes, se mostrarmos o quanto custa a cada contribuinte cada vez que o Tesouro transfere ao BNDES dinheiro que o governo não tem e por isso toma emprestado ao mercado pagando juros de 12% ao ano, para serem emprestados pelo BNDES a juros de 6% aos grandes empresários nacionais e estrangeiros, temos discurso para certas camadas da população.
Com argumentos muito mais fracos o petismo acusou o governo do PSDB quando, em fase de indispensável ajuste econômico, aumentou a dívida interna (ou, melhor, reconheceu os “esqueletos” compostos por dívidas passadas) e usou recursos da privatização – todos contabilizados – para reduzir seu crescimento. A dívida pública consolidada do governo lulista foi muito maior do que a herdada por este do governo passado e, no entanto, a opinião pública não tomou conhecimento do fato.
Engana-se quem pensar que basta manter a economia crescendo e oferecer ao povo a imagem de uma sociedade com mobilidade social.”

Consulte o texto integral dos dois discursos acessando:

https://www2.psdb.org.br/index.php/agencia-tucana/noticias/o-papel-da-oposicao-2/
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Grande_Ditador

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